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Pintura: "Sementes", acrílico sobre madeira 77 x 50 cm

    Pintura "Sementes", acrílico sobre madeira 77 x 50 cm por J. Caraumã Na base da economia yanomami, a floresta não é, para eles, um espaço de exploração de recursos; ao contrário, é uma entidade viva, intimamente ligada à sua cosmologia. No livro A queda do céu , conta-se que os espíritos xapiri , por exemplo, colhem seus cantos a partir das árvores: “Omama plantou essas árvores de cantos nos confins da floresta, onde a terra termina, onde estão fincados os pés do céu […]. É a partir de lá que elas distribuem, sem trégua, suas melodias a todos os xapiri que correm até elas. São árvores muito grandes, cobertas de penugem brilhante de uma brancura ofuscante. Seus troncos são cobertos de lábios que se movem sem parar, uns em cima dos outros.” Essa floresta é chamada de Hutukara . Segundo a mitologia yanomami, Omama a criou no “primeiro tempo”, quando havia apenas os yarori (ancestrais sobrenaturais que hoje são os animais de caça) e uma floresta frágil. Para criar outr...

Demonstração do Teorema de Thévenin (Primeira Parte)

Considere um circuito elétrico genérico como contendo \(n\) nós, circuito este planar e composto apenas de resistores, geradores de tensão e fontes de corrente. 

Dessa forma, aplicando-se a Lei de Kirchhoff para as correntes, tal circuito pode ser descrito através de \(n\) equações nodais correspondentes, isto é,

\begin{equation} \left\lbrace \begin{array}{@{} l<{{}} @{} l @{}} \displaystyle\frac{v_{1}}{r_{11}} + \displaystyle\frac{v_{2}}{r_{12}} + \displaystyle\frac{v_{1}}{r_{13}} + \cdots + \displaystyle\frac{v_{n}}{r_{1n}} &= i_{1}\\ \displaystyle\frac{v_{1}}{r_{21}} + \displaystyle\frac{v_{2}}{r_{22}} + \displaystyle\frac{v_{1}}{r_{23}} + \cdots + \displaystyle\frac{v_{n}}{r_{2n}} &= i_{2}\\ \displaystyle\frac{v_{1}}{r_{31}} + \displaystyle\frac{v_{2}}{r_{32}} + \displaystyle\frac{v_{1}}{r_{33}} + \cdots + \displaystyle\frac{v_{n}}{r_{3n}} &= i_{3}\\ { }{}{ }{\vdots}&{}{}{}{\vdots}\\ \displaystyle\frac{v_{1}}{r_{n1}} + \displaystyle\frac{v_{2}}{r_{n2}} + \displaystyle\frac{v_{1}}{r_{n3}} + \cdots + \displaystyle\frac{v_{n}}{r_{nn}} &= i_{n}\\ \end{array} \right. \end{equation}

Observe que o sistema linear acima pode ser reescrito na forma de multiplicações entre matrizes, ou seja,

\begin{equation} \left( \begin{array}{ccccc} \Sigma_{11} & \Sigma_{12} & \Sigma_{13} & \cdots & \Sigma_{1n} \\ \Sigma_{21} & \Sigma_{22} & \Sigma_{33} & \cdots & \Sigma_{2n} \\ \Sigma_{31} & \Sigma_{32} & \Sigma_{33} & \cdots & \Sigma_{3n} \\ \vdots & \vdots & \vdots & \cdots & \vdots \\ \Sigma_{n1} & \Sigma_{n2} & \Sigma_{n3} & \cdots & \Sigma_{nn} \\ \end{array} \right) \times \left( \begin{array}{ccccc} v_{1}\\ v_{2}\\ v_{3}\\ \vdots\\ v_{n} \end{array} \right) =\left( \begin{array}{c} i_{1} \\ i_{2} \\ i_{3} \\ \vdots\\ i_{n} \end{array} \right) \label{equ:mainmat}\end{equation}

onde a letra grega sigma maíscula, \(\Sigma\), indica a condutância de um dado resistor e é dada como sendo o inverso da resistência desse dispositivo, ou seja, \(\Sigma_{ij} = 1/r_{ij}\).

Assim sendo, note que o determinante da matriz completa do sistema linear dado em (2) pode ser obtido através do Teorema de Laplace, isto é, através da k-ésima coluna tem-se:

\begin{equation} \begin{array}{rl} D &= \Sigma_{1k}(-1)^{1+k}D_{1k} + \Sigma_{2k}(-1)^{2+k}D_{1k} + \Sigma_{3k}(-1)^{3+k}D_{3k} + \cdots \\ {}&+ \cdots +(\Sigma_{kk} + \Sigma_{L})(-1)^{k+k}D_{kk} + \cdots + \Sigma_{nk}(-1)^{n+k}D_{nk} \end{array} \end{equation}

onde \(D_{ij}\) é o determinante da matriz resultante quando elimina-se da matriz completa a linha \(i\) e a coluna \(j\). Portanto, reordenando-se os termos e ponto em evidência a condutância \(\Sigma_{L}\), vem

\begin{equation} \begin{array}{rl} D &= [\Sigma_{1k}(-1)^{1+k}D_{1k} + \Sigma_{2k}(-1)^{2+k}D_{1k} + \Sigma_{3k}(-1)^{3+k}D_{3k} + \cdots \\ {}&+ \cdots +\Sigma_{kk}(-1)^{2k}D_{kk} + \cdots + \Sigma_{nk}(-1)^{n+k}D_{nk}] + [\Sigma_{L}(-1)^{2k}D_{kk}] \end{array} \end{equation}

Por fim, simplificando-se a expressão acima, vem

\begin{equation} D = D_{0} + [\Sigma_{L}D_{kk}] \label{equ:d}\end{equation}

Agora, aplicando-se a Regra de Cramer, vem

\begin{equation} v_{k} = \frac{det \begin{bmatrix} \Sigma_{11} & \Sigma_{12} & \cdots & \Sigma_{1(k-1)} & i_{1} & \Sigma_{1(k+1)} & \cdots & \Sigma_{1n} \\ \Sigma_{21} & \Sigma_{22} & \cdots & \Sigma_{2(k-1)} & i_{2} & \Sigma_{2(k+1)} & \cdots & \Sigma_{2n} \\ \Sigma_{31} & \Sigma_{32} & \cdots & \Sigma_{3(k-1)} & i_{3} & \Sigma_{3(k+1)} & \cdots & \Sigma_{3n} \\ \vdots & \vdots & {} & \vdots & \vdots & \vdots & {} & \vdots\\ \Sigma_{n1} & \Sigma_{n2} & \cdots & \Sigma_{n(k-1)} & i_{n} & \Sigma_{n(k+1)} & \cdots & \Sigma_{nn} \\ \end{bmatrix}}{D} \end{equation}

ou seja, através do teorema de Laplace aplicado à k-ésima coluna,

\begin{equation} v_{k} = \frac{i_{1}(-1)^{1+k}D_{ik} + i_{2}(-1)^{2+k}D_{2k} + \cdots + i_{n}(-1)^{n+k}D_{nk}}{D} \label{equ:vk}\end{equation}

Observe que pode-se reescrever a equação (\ref{equ:vk}) da seguinte forma

\begin{equation} v_{k} = \frac{i_{1}(-1)^{1+k}D_{ik} + i_{2}(-1)^{2+k}D_{2k} + \cdots + i_{n}(-1)^{n+k}D_{nk}}{D} \left(\frac{D_{0}}{D_{0}}\right) \end{equation}

isto é,

\begin{equation} v_{k} = \frac{i_{1}(-1)^{1+k}D_{ik} + i_{2}(-1)^{2+k}D_{2k} + \cdots + i_{n}(-1)^{n+k}D_{nk}}{D_{0}} \left(\frac{D_{0}}{D}\right) \label{equ:vk2}\end{equation}

Sabendo-se que:

\begin{equation} D_{0} = \Sigma_{1k}(-1)^{1+k}D_{1k} + \Sigma_{2k}(-1)^{2+k}D_{2k} + \cdots + \Sigma_{nk}(-1)^{n+k}D_{nk} \label{equ:do}\end{equation}

Portanto, substituindo-se as equações (\ref{equ:do}) e (\ref{equ:d}) em (\ref{equ:vk2}), obtém-se

\begin{equation} v_{k} = \frac{i_{1}(-1)^{1+k}D_{ik} + i_{2}(-1)^{2+k}D_{2k} + \cdots + i_{n}(-1)^{n+k}D_{nk}}{\Sigma_{1k}(-1)^{1+k}D_{1k} + \Sigma_{2k}(-1)^{2+k}D_{2k} + \cdots + \Sigma_{nk}(-1)^{n+k}D_{nk}} \left(\frac{D_{0}}{D}\right) \end{equation}

Note que o termo

\begin{equation} \frac{i_{1}(-1)^{1+k}D_{ik} + i_{2}(-1)^{2+k}D_{2k} + \cdots + i_{n}(-1)^{n+k}D_{nk}}{\Sigma_{1k}(-1)^{1+k}D_{1k} + \Sigma_{2k}(-1)^{2+k}D_{2k} + \cdots + \Sigma_{nk}(-1)^{n+k}D_{nk}} \end{equation}

corresponde à tensão de circuito aberto mensurada entre os terminais do resistor \(R_{L}\) (carga) ao removê-lo do circuito. Assim sendo, denominar-se-á tal grandeza por \(V_{th}\). Dessa forma,

\begin{equation} v_{k} = V_{th}\left(\frac{D_{0}}{D_{0} + [\Sigma_{L}D_{kk}]}\right) \end{equation}

Multiplicando-se tanto o numerador quanto o denominador da expressão acima por \(1/D_{0}\), vem

\begin{equation} v_{k} = V_{th}\left(\frac{1}{1 + \Sigma_{L}\displaystyle\left(\frac{D_{kk}}{D_{0}}\right)}\right) \end{equation}

Uma vez que a condutância da carga é dada por \(\Sigma_{L} = 1/R_{L}\), tem-se

\begin{equation} v_{k} = V_{th}\left(\frac{R_{L}}{R_{L} + \displaystyle\left(\frac{D_{kk}}{D_{0}}\right)}\right) \end{equation}

Observe que o termo \(\displaystyle\frac{D_{kk}}{D_{0}}\) possui unidade dada por \((1/\textrm{siemens}=\textrm{ohm})\). Portanto denomina-se arbitrariamente \(R_{th} = D_{kk}/D_{0}\). Dessa forma,

\begin{equation} v_{k} = V_{th}\left(\frac{R_{L}}{R_{L} + R_{th}}\right) \label{equ:div}\end{equation}

Observe que a expressão (\ref{equ:div}) acima representa o potencial elétrico sobre o resistor \(R_{L}\) segundo a equação do divisor de tensão aplicada ao circuito abaixo

                                          

Observe, inclusive, que o circuito genérico inicialmente idealizado é equivalente ao circuito de Thévenin descrito na figura (\ref{figthevenin}), onde denota-se por tensão equivalente de Thévenin, \(V_{th} = v_{oc}\), e por resistência equivalente de Thévenin, \(R_{th} = D_{kk}/D_{0}.\)

No entanto, o circuito equivalente de Thévenin foi calculado através de um dado k-ésimo nó. Assim sendo, deve-se, pois, demonstrar que o circuito equivalente encontrado é único, isto é, existe apenas um único circuito equivalente de Thévenin.

Referências

[Dorf e Svoboda] Dorf, R. C. e Svoboda, J. A. (2012). Introdução aos circuitos elétricos. LTC, Rio de Janeiro.



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