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Goiabeira

  Goiabeira Eu ficaria aqui, embaixo de ti, como a tua sombra que acompanha o sol. Ficaria sempre aqui, apenas um menino, sem casa e sem rumo, aos teus pés a cochilar. Aqui eu ficaria, como o duro desse chão que abraça tua raiz; Como o tempo da estação que faz a fruta cair com tua aprovação. Ali, bem acima de mim, onde o vento fala de ti, contam galhos e silêncios; Bem aqui eu me deitaria, onde rezam os passarinhos, e, com folhas, me cobriria. Em ti não subiria. Seria teu chão, tua terra, Poeira a te sustentar, Mato que te faz companhia, Vento que te balança, Chuva que te acaricia. Ficaria embaixo, não por temer o céu ou cavar o duro chão. Teu simples existir eleva minha oração. Goiabeira , na sombra do meio-dia, embaixo de ti, ainda assim, logo abaixo de ti eu ficaria, não por preguiça ou covardia, Mas somente por só por um motivo - porque ali, embaixo de ti, Meu coração, com tua doçura amadureceria por Janderson Gomes (Caraumã) Reflexões em 18 de...

O silêncio dos amáveis

O Silêncio dos Amáveis

[...] Se eu morrer ouvindo o silêncio dos amáveis,

Sem ter compreendido o mistério que eles guardam,
Sem saber por que seus gestos calados são tão cheios,
Peço que, mesmo se sentirem o pranto nascer na voz,
Que não se inquietem, não perturbem vosso silêncio

Que vossos olhos sejam o caminho da minha alma,
O leito dos igarapés que generosamente dão caminhos à vida,
E onde tantas vezes saciei minha sede e molhei meu rosto,
Para seguir em frente!

Se o destino quis que eu partisse assim,
Sem nada entender, assim está certo,
Ainda que meu silêncio nunca se torne um canto,
Ele continuará sonhando ser música, um dia

Se não pude encontrar sentido ou serenidade,
Foi porque fiz do meu mundo um pouco mais vasto,
E do meu coração, um exílio em liberdade

Uma vez, julguei que devia haver mais,
Que o amor devia ter palavras ou promessas
E com barulho, silenciei quem me foi amável e verdadeiro
Encobri o que o sol e a chuva sabem desde o princípio

Eles, que não precisam de mais do que têm:
A luz do sol ganhou seu rosto para acariciar,
A chuva teve suas mãos para molhar sem ver o tempo passar,
E o vento que com seus cabelos sempre brincou

Consolaram-me o calor da terra sob meus pés,
A sombra das árvores se ofereceram sem nada esperar
Porque sabem, como sabem os pássaros, que o amor voa livre,
E que a vida não me deve nada, mas eu tudo devo a ela

Se eu morrer ouvindo o silêncio dos amáveis,
Será porque, nesse momento, estive distraído,
Nesse instante, senti-me, outra vez, vivo

Se eu morrer ouvindo o silêncio dos amáveis,
Guardarei em meu silêncio esse momento,
Como se já não houvesse mais nada a dizer

O silêncio será tudo, e tudo bastará,
Distraído, seguirei dormindo,
E sonhando continuar ouvindo
O silêncio dos amáveis...

por Janderson Gomes (Caraumã),
Reflexões em 14 de Novembro de 2024

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