O Sol desenha o amanhecer

 

O Sol desenha o amanhecer

A manhã acorda e despreguiça,
cuida de preparar a tela no céu
em tons mansos,

O sol se levanta para a todos desenhar,
toca as folhas velhas e novas com seu calor,
e o vento, sem aviso, dança entre os galhos,
uma dádiva sem nome, sem promessa

O sopro suave logo brinca com o orvalho,
as aves, em sinfonia indiscreta,
saúdam o dia como quem conhece um segredo

No jardim a flor se abre,
não busca aplausos, sem alarde,
entrega sua cor, seu perfume,
às abelhas convidadas, ao mundo
simples por existir plenamente

O rio corre, abraça pedras,
molha a terra, alimenta a sede,
não questiona quem recebe,
não cobra quem o atravessa,
não sabe seu nome,
mas conhece o caminho do mar

Ao passar, na rua em frente,
uma jovem com sua vozinha,
se sorri para um passante,
sem motivo, sem saber por quê,
e a resposta vem n'um aceno imprevisto,
despretensioso como o voo de um pássaro

A bondade faz um eco,
uma voz que vai e que vem,
e quando fica - contempla

Um ciclo de mãos estendidas,
um ciclo de gestos pequenos,
onde a recompensa é um pequeno ato,
e o ato, por si,
é um grande milagre

por Janderson Gomes

Reflexões em 04 de Novembro de 2024

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