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Goiabeira

  Goiabeira Eu ficaria aqui, embaixo de ti, como a tua sombra que acompanha o sol. Ficaria sempre aqui, apenas um menino, sem casa e sem rumo, aos teus pés a cochilar. Aqui eu ficaria, como o duro desse chão que abraça tua raiz; Como o tempo da estação que faz a fruta cair com tua aprovação. Ali, bem acima de mim, onde o vento fala de ti, contam galhos e silêncios; Bem aqui eu me deitaria, onde rezam os passarinhos, e, com folhas, me cobriria. Em ti não subiria. Seria teu chão, tua terra, Poeira a te sustentar, Mato que te faz companhia, Vento que te balança, Chuva que te acaricia. Ficaria embaixo, não por temer o céu ou cavar o duro chão. Teu simples existir eleva minha oração. Goiabeira , na sombra do meio-dia, embaixo de ti, ainda assim, logo abaixo de ti eu ficaria, não por preguiça ou covardia, Mas somente por só por um motivo - porque ali, embaixo de ti, Meu coração, com tua doçura amadureceria por Janderson Gomes (Caraumã) Reflexões em 18 de...

Calçadas dos Encontros

Calçadas dos Encontros

Na via movimentada
onde passos se multiplicam,
observo rostos desconhecidos
que passam como nuvens no verão

Uma senhora carrega suas sacolas,
um jovem corre atrasado para algum lugar,
uma criança segura a mão de sua mãezinha,
todos são rios diferentes
fluindo na mesma direção

Entre tantos desconhecidos,
vejo sorrisos inesperados
nascendo como flores silvestres
nos cantos mais improváveis da cidade

Alguém segura a porta para outro alguém,
um guarda-chuva é compartilhado,
uma moeda esquecida é devolvida,
pequenos gestos que brotam
como sementes dispersas pelo vento

E percebo que a bondade
é como o orvalho da manhã,
aparece naturalmente,
sem pedir licença,
sem fazer alarde

Somos todos galhos
da mesma árvore antiga,
bebendo da mesma água,
sonhando o mesmo sonho,
crescendo sob o mesmo sol

Na multidão anônima,
cada rosto guarda uma história
como folhas guardam suas nervuras,
únicas, delicadas, necessárias

E assim aprendo
- que julgar é como tentar conter o vento com as mãos,
impossível e desnecessário

A bondade já está lá,
pulsando como seiva
em cada encontro casual,
em cada olhar que reconhece
no outro
um pedaço do mesmo céu

por Janderson Gomes,
Reflexões em 03 de Novembro de 2024.


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