Pular para o conteúdo principal

Talvez você goste

Goiabeira

  Goiabeira Eu ficaria aqui, embaixo de ti, como a tua sombra que acompanha o sol. Ficaria sempre aqui, apenas um menino, sem casa e sem rumo, aos teus pés a cochilar. Aqui eu ficaria, como o duro desse chão que abraça tua raiz; Como o tempo da estação que faz a fruta cair com tua aprovação. Ali, bem acima de mim, onde o vento fala de ti, contam galhos e silêncios; Bem aqui eu me deitaria, onde rezam os passarinhos, e, com folhas, me cobriria. Em ti não subiria. Seria teu chão, tua terra, Poeira a te sustentar, Mato que te faz companhia, Vento que te balança, Chuva que te acaricia. Ficaria embaixo, não por temer o céu ou cavar o duro chão. Teu simples existir eleva minha oração. Goiabeira , na sombra do meio-dia, embaixo de ti, ainda assim, logo abaixo de ti eu ficaria, não por preguiça ou covardia, Mas somente por só por um motivo - porque ali, embaixo de ti, Meu coração, com tua doçura amadureceria por Janderson Gomes (Caraumã) Reflexões em 18 de...

O Filho da Bruma



O Filho da Bruma

Por entre sulcos de areia,
A antecipar o vestígio do passo.
Com beijos de espumas , titubeia o regaço,
Ondeia em ofício suntuoso e carinhoso,
Onde a espera é o útero do amor.

É sim, de fato, um ato de amor
Sentar-te à beira da praia e ficar em silêncio,
Olhar o sereno ser que rega a areia do coração.

Volto-me outra vez para o silêncio
Como o mar retorna à sua concha maternal,
Onde encontra, submersa, protegida,
De pólipos coloridos, uma gota fractal, 
Sua alma, branca, íntegra, a marulhar
Com gosto de sal.

Cada grão de areia,
Juntos contam uma só pérola,
Cada espuma, o adeus das ondas,
E eu conto de ti uma testemunha
Caridosa da eternidade.

Sem temer o vazio, 
Entre uma palavra e outra,
Nesse intervalo que repousa o canto,
Cantam as pedras a loucura do mar,
Canto eu a loucura de amar,
De ser oceano, junto do céu, viver no além-mar.

O amor não grita, eu me calo,
Para ouvir melhor os passarinhos,
Faz-se a brisa, toco de leve, a gaivota se vai,
E tem por morada as asas dos anjos,
O recôndito do um singelo olhar.

Pois há tantos anjos no céu,
Quanto horizontes no infinito,
E grãos de areias na espuma,
Quanto espumas no mar

Mergulho no fio d'água, 
Filho ocioso de brumas,
Sou do ruído o retorno,
A volta ao silêncio,
Que sempre foi
Teu mais puro 
Pequeno ato 
De amor.

por Janderson Gomes
Reflexões em 28 de Abril de 2025

Comentários

Postagens mais visitadas