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Goiabeira

  Goiabeira Eu ficaria aqui, embaixo de ti, como a tua sombra que acompanha o sol. Ficaria sempre aqui, apenas um menino, sem casa e sem rumo, aos teus pés a cochilar. Aqui eu ficaria, como o duro desse chão que abraça tua raiz; Como o tempo da estação que faz a fruta cair com tua aprovação. Ali, bem acima de mim, onde o vento fala de ti, contam galhos e silêncios; Bem aqui eu me deitaria, onde rezam os passarinhos, e, com folhas, me cobriria. Em ti não subiria. Seria teu chão, tua terra, Poeira a te sustentar, Mato que te faz companhia, Vento que te balança, Chuva que te acaricia. Ficaria embaixo, não por temer o céu ou cavar o duro chão. Teu simples existir eleva minha oração. Goiabeira , na sombra do meio-dia, embaixo de ti, ainda assim, logo abaixo de ti eu ficaria, não por preguiça ou covardia, Mas somente por só por um motivo - porque ali, embaixo de ti, Meu coração, com tua doçura amadureceria por Janderson Gomes (Caraumã) Reflexões em 18 de...

Catarse da Inexistência

Catarse da Inexistência

Eu não existo mais.
Fui o lápis que riscou o fim da linha,
O traço cinzento que se fez silêncio,
Matéria extinta no papel da vida.

Um dia fui pincel, cores, mão e o movimento.
Não sou mais nem a tela, nem a moldura,
Nem lembrança do que fui ante o firmamento.

Nem pintura, nem desenho,
Nem estudo, nem saber.
Não há em mim mais inteligência;
Houve um tolo a se perder.

Já não erro, nem acerto,
Sou ausência de querer.
Sou o silêncio após o grito,
Eco que se calou, parou de responder.

Fui barqueiro, filho da travessia,
Levava, às vezes,
o bem, outras o mal
Que em ti viviam.
Hoje, sem remo,
Sem barco, sem rio,
Sem margem, sem o outro lado.

Já não há, tampouco, uma voz no rádio,
Nem ouvido a me escutar.
Sem conselhos, nunca fui ouvido, nem visto,
Fui palavra, fui abrigo, mas já não sou.

Sou a face que sentia a brisa
Na quentura do vento que partiu,
A folha que esqueceu de balançar.
Sou o nada onde o tudo se escafedeu.

 Eu não existo mais.
Nem sonho,
Nem sonhador,
Nem começo,
Nem fim.

Nem lembrança,
Nem vontade,
Sem tristeza ou felicidade,
Nem saudade de mim.

Sou o rastro
Da lágrima que secou
No lenço de ninguém,
E que não será lembrada.

Sou a luz breve
Na ponta da vela,
No último pulsar,
Antes que o escuro
Engula o choro no altar.

Mas se me apaguei,
Que eu renasça sutil
Na aurora de um olhar,
No horizonte do talvez,
No sono de quem, dormindo,
Ainda crê poder sonhar.

E, quem sabe,
Quando a luz desse clarão vier,
Eu seja apenas
Uma chispa
Que o espírito desperta.

Pois, eu já não existo mais.
Já se foi a flauta, foi-se a dança, a canção, a música,
Nos palcos empoeirados da sala da mente,
Nem estudo, nem memória, nem vontade.
Restou ausência em forma de passado,
Uma voz que não se escuta
Nas ruas dessa cidade.

Sou a luz que ninguém viu
Daquela estrela pálida,
Num instante antes de amanhecer,
O último pulso de claridade no escuro
Antes de apagar
E renascer

Outra vez…

Quem sabe no horizonte,
A sonhar, um dia,
Talvez
Em ser tocada
Pelo calor
do Sol.

por Janderson Gomes (Caraumã)
Reflexões em 06 de Junho de 2025

Comentários

  1. Descobri seu blog meio que por acaso, estava buscando um template para iniciar um livro, no Overleaf, e escolhi um template seu. Obrigado pelo template e por terminar a noite com esta bela poesia!

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    Respostas
    1. Olá Vladyr, que bom saber que o template foi útil e que a poesia encerrou bem sua noite. Muito obrigado pelo comentário. Volte quando quiser!

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