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Quem não fecha os olhos quando sente dor?

Lembrou um poema, que dizia: "De tudo, ao sofrimento foi atento, E com empenho, e sempre, e tanto, Que mesmo em face do maior tormento, Seu peito exclamou: nunca mais eu canto!" E cerrando os olhos com dor Em cada lágrima, cada pranto, Bebeu em versos seu dissabor, E se fechou no próprio manto. O céu se vestiu com noite, sem cor, Fechou os olhos em silêncio e com temor, Acendeu no escuro a chama dos olhos da alma, E encontrou no vazio o leito que lhe acalma. O vagalume apagado perguntou: De quem são esses olhos que a noite procura, No frio desse silêncio, na escuridão serena? Quando a alma, qual neblina, flutua, obscura, E a dor, em grito velado, tem sido mais amena. A noite respondeu: São tochas acesas de fogo contra fogo, Encerrando a morte num caixão de vida; No clamor da provação, a alma reerguida, Veja, pirilampo, com teus olhos, tudo de novo. por Janderson Gomes, reflexões em 14 de agosto de 2024 ⁂

Sobre o Poema Popular "Domingos, Manhãs Silenciosas" e a visita da Professora Lúcia Helena Galvão em Roraima

Há tempos pandêmicos atrás, sob a lucidez da magnífica professora Lúcia Helena Galvão (LHG), enquanto assistia uma de suas aulas, ouvi o pequeno poema intitulado "Domingos, Manhãs Silenciosas". Esse poema, que lembro com muito carinho, aparentemente teve sua autoria esvanecida nas brumas coletivas do tempo. Desde então, de quando em vez, recito-o, sempre com palavras diferentes, conforme autoriza minha memória, mas com uma estrutura geralmente como a que se segue:

Domingos, manhãs silenciosas
Às segundas cuidar dos jardins
Às terças escrevo em prosa
Às quartas eu guardo pra mim
Às quintas as aves famintas
Às sextas eu colho as rosas
Que aos sábados dou aos afins”


"Antheia". Pintura em andamento óleo/acrílico sobre tela, por Janderson Gomes.

Tempos depois, conforme programação da escola de filosofia Nova Acrópole, sede em Boa Vista (Roraima), e sob a direção da magnífica professora Carina Frota, tivemos a honra de receber a professora Lúcia para uma palestra maravilhosa.

À noite, minha amada esposa esteve presente no auditório. E logo após o encerramento, ao buscá-la, ela entrou no carro emocionada, ainda sob a égide e o orbe dos ensinamentos da poetisa e escritora.

Contou-me sobre a expressividade que emanava da professora de filosofia, que, sentada em frente ao prédio, aguardava calmamente sua carona. Comentava que, apesar de uma agenda cheia e um dia corrido, ela não transparecia cansaço, tampouco parecia incomodada. Sua paz e sorriso ao autografar seus livros refletiam a eloquência de sua voz e a profundidade de suas reflexões durante a palestra em uma mesma medida. E, ao final, com tenacidade e leveza que lhe são características nas aulas, a professora aguardava pacientemente sua carona, enquanto todos também traçavam seus caminhos, ainda encantados por sua palestra.

Na manhã seguinte, refletindo sobre o evento da noite anterior, lembrei-me do pequeno poema que havia escutado e que também me encantou anos antes. Com alegria, senti uma vontade de celebrar a presença da Nova Acrópole em Roraima, sob a excelente direção da filósofa e professora Carina Frota e de seu esposo, Professor Dion, em Roraima, assim como a vinda do Diretor Nacional da OINA, magnífico Professor Luiz Carlos, e de sua esposa e inspiradora professora Lúcia Helena em nosso amado estado do extremo norte do Brasil.

E humildemente, faço-o com os seguintes comentários ao grande poeminha recitado, que há tempos estavam engasgados nessa voz tímida e arredia.

Já agradecendo por suas presenças aqui, espero que tenham todos uma boa leitura!

O Lago dos Cisnes. Alexander Oester.

Comentários ao Poema
por Janderson Gomes


"Quando cuidamos dos jardins nas segundas-feiras, não é apenas o cultivo de flores que nos ocupa, mas uma oportunidade de nutrir a terra e também cultivar virtudes e qualidades espirituais em nossa alma.

Nas terças-feiras, ao escrever em prosa, mergulhamos não apenas na arte de comunicar, mas na arte de expressar nossos pensamentos mais profundos, meditando em palavras e entrelaçando nossa experiência humana com o que nos é divino e compartilhando-a com os demais. 

Guardar para si nas quartas-feiras não significa tão somente solidão, guardamos um tempo precioso para nós mesmos, não como um isolamento, mas como um momento de reflexão e autoconhecimento, onde a introspecção nos permite alimentar a sabedoria. 

Ao alimentar as aves famintas nas quintas-feiras, percebemos que cada ato de generosidade não é apenas um gesto de caridade, mas uma reverência à vida em todas as suas formas e manifestações, ecoando em nós mesmos a compaixão universal. 

Colher rosas nas sextas-feiras vai além da contemplação da beleza, é uma celebração e um reconhecimento dos frutos colhidos de nossos esforços, onde cada pétala é um testemunho da harmonia que alcançamos em nós mesmos, enquanto coerentes com nossa essência espiritual. 

E ao compartilhar com os afins aos sábados, não é apenas sobre dividir, mas sobre expressar o amor ao próximo de maneira tangível, fraternalmente seguindo os passos de nossos ancestrais e o sonho mais antigo da terra. 

E em busca por essa simplicidade, que ecoa as faces universais da Verdade, se chamamos de dor e maldição o labor e o teor dos atos que fazemos ou sentimos, somente com suor matamos metade de nossa sede. E dormindo aliviamos metade da dor enquanto acordados. 

Portanto, que cada martelada, cada palavra escrita, cada semente plantada seja uma contribuição para o grande concerto da vida. Que seja um ato de conexão, uma ponte entre o que somos e o que podemos ser."

"Domingos, das manhãs silenciosas."

por Janderson Gomes.
Reflexões em 14 de Junho de 2024.

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