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Quem não fecha os olhos quando sente dor?


Lembrou um poema, que dizia:

"De tudo, ao sofrimento foi atento,
E com empenho, e sempre, e tanto,
Que mesmo em face do maior tormento,
Seu peito exclamou: nunca mais eu canto!"

E cerrando os olhos com dor
Em cada lágrima, cada pranto,
Bebeu em versos seu dissabor,
E se fechou no próprio manto.

O céu se vestiu com noite, sem cor,
Fechou os olhos em silêncio e com temor,
Acendeu no escuro a chama dos olhos da alma,
E encontrou no vazio o leito que lhe acalma.

O vagalume apagado perguntou:

De quem são esses olhos que a noite procura,
No frio desse silêncio, na escuridão serena?
Quando a alma, qual neblina, flutua, obscura,
E a dor, em grito velado, tem sido mais amena.

A noite respondeu:

São tochas acesas de fogo contra fogo,
Encerrando a morte num caixão de vida;
No clamor da provação, a alma reerguida,
Veja, pirilampo, com teus olhos, tudo de novo.

por Janderson Gomes,
reflexões em 14 de agosto de 2024

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