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Quem não fecha os olhos quando sente dor?

Lembrou um poema, que dizia: "De tudo, ao sofrimento foi atento, E com empenho, e sempre, e tanto, Que mesmo em face do maior tormento, Seu peito exclamou: nunca mais eu canto!" E cerrando os olhos com dor Em cada lágrima, cada pranto, Bebeu em versos seu dissabor, E se fechou no próprio manto. O céu se vestiu com noite, sem cor, Fechou os olhos em silêncio e com temor, Acendeu no escuro a chama dos olhos da alma, E encontrou no vazio o leito que lhe acalma. O vagalume apagado perguntou: De quem são esses olhos que a noite procura, No frio desse silêncio, na escuridão serena? Quando a alma, qual neblina, flutua, obscura, E a dor, em grito velado, tem sido mais amena. A noite respondeu: São tochas acesas de fogo contra fogo, Encerrando a morte num caixão de vida; No clamor da provação, a alma reerguida, Veja, pirilampo, com teus olhos, tudo de novo. por Janderson Gomes, reflexões em 14 de agosto de 2024 ⁂

Redenção Ferina



Ele soprou um eco de escárnio, tão vil
Sua voz rude e seca, de desprezo febril,
Chamava-a de amendoim, de mente tão pequena,
Aquela que, mesmo na dor, mostrava-se sempre serena

"Burra-jumenta", gritou ele sem piedade,
Mas, do seu seio, viu brotar um mar de vontade
De mostrar que a força não está na violência,
Mas no que se eleva bem além da resiliência.

E, na dor das palavras, nela um relincho se fez
Em terra de injúria, sua coragem fez a vez,
E, de cada ofensa, um belo coice floresceu,
Levando-o a alcançar o espinho da flor que mereceu

Pois quem carrega o julgo do insulto cruel
Encontra nas sombras a força quem vem do céu,
E, do amendoim, habita nele uma forte raiz
Da "burra-jumenta", também renasce a forte matriz.

Não há mente pequena em quem ousa sonhar,
Nem ofensa a quem luta sem jamais se cansar,
Pois, aquela que um dia se sentiu tão ferida,
Hoje, leve e livre, flutua reluzente nas asas da vida

por Janderson Gomes,
reflexões em 11 de agosto de 2024

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