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Amanhecer na Serra Grande (Livreto)

Hoje é um dia especial para compartilhar com vocês o lançamento de Amanhecer na Serra Grande , o primeiro volume da série Caminhos do Interior . Esta obra é um convite para explorar as profundezas da alma humana e sua conexão intrínseca com a natureza, em particular com a majestosa região de Roraima. A narrativa começa em uma manhã tranquila, onde Iramari, filho do velho Kanarim, busca por respostas para suas inquietações por meio de um diálogo que ecoa o silêncio da serra e o movimento das nuvens. Cada página é uma oportunidade de contemplar a simplicidade que revela a grandeza da vida. O livro reflete vivências profundamente enraizadas na região da margem leste do rio Branco e costura temas universais como medo, coragem, paz interior e harmonia. Kanarim, com sua vivência humilde, nos lembra que as lições mais importantes da vida não vêm de respostas, mas do aprendizado paciente com a natureza e com o ciclo da existência. Espero que este livro inspire você a desacelerar, ouvir os vent...

Saudades do Cauamé

Ah, Cauamé, rio sinuoso que serpenteia o meu passado,
Eu, menino, banhava-me em tua corrente, sem saber da vida o fado.
Quando a aurora te abraçava e anunciava a quentura de um novo dia,
O sol despertava do alto e alegre como uma promessa longe que te sorria.

Quantas vezes brinquei descalço na tua areia, sob um céu azul de nuvem arredia,
Cada raio luminoso e puro, ao tocar tuas pedrinhas nuas, falava em mim com saudade
De um tempo de simplicidade, onde a infância, a natureza e Boa Vista viviam em harmonia.

Vi-te vestido de floresta cheia de buritizais, perfume de lago e olhos de perdizes,
Com teu colar de rochas negras e lisas por segredos esculpidos em dias felizes.
Em busca da samaúma, minha infância florescia e a cruviana sibilante se escondia.

Com meus olhos de tamanduá, brincava majestoso em tuas margens,
Em busca de joaninhas, brincos dourados de tuas verdejantes vargens.
Caraumã te via de longe, como mãe zelosa olhando os filhos brincarem.

Ah, rio caudaloso, onde bebem os gaviões, forte como és - filho do lago Parimé,
Em tuas águas de eldorado, encontro a força para seguir em frente sempre com fé,
Sob a sombra do Caimbé, de raízes profundas, ainda sentir o passado presente.

Meu coração quente, filho teu, desejou voar.
Mas hei de para ti voltar, banhar em tuas águas,
E a saudade, enfim, dar por vencida
No Rio Branco da vida, do seio de tua ventura,
Para beber da tua água, rogo a Deus, ainda pura.

por Janderson Gomes,
Reflexões em 14 de Julho de 2024.


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