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Goiabeira

  Goiabeira Eu ficaria aqui, embaixo de ti, como a tua sombra que acompanha o sol. Ficaria sempre aqui, apenas um menino, sem casa e sem rumo, aos teus pés a cochilar. Aqui eu ficaria, como o duro desse chão que abraça tua raiz; Como o tempo da estação que faz a fruta cair com tua aprovação. Ali, bem acima de mim, onde o vento fala de ti, contam galhos e silêncios; Bem aqui eu me deitaria, onde rezam os passarinhos, e, com folhas, me cobriria. Em ti não subiria. Seria teu chão, tua terra, Poeira a te sustentar, Mato que te faz companhia, Vento que te balança, Chuva que te acaricia. Ficaria embaixo, não por temer o céu ou cavar o duro chão. Teu simples existir eleva minha oração. Goiabeira , na sombra do meio-dia, embaixo de ti, ainda assim, logo abaixo de ti eu ficaria, não por preguiça ou covardia, Mas somente por só por um motivo - porque ali, embaixo de ti, Meu coração, com tua doçura amadureceria por Janderson Gomes (Caraumã) Reflexões em 18 de...

Saudades do Cauamé

Ah, Cauamé, rio sinuoso que serpenteia o meu passado,
Eu, menino, banhava-me em tua corrente, sem saber da vida o fado.
Quando a aurora te abraçava e anunciava a quentura de um novo dia,
O sol despertava do alto e alegre como uma promessa longe que te sorria.

Quantas vezes brinquei descalço na tua areia, sob um céu azul de nuvem arredia,
Cada raio luminoso e puro, ao tocar tuas pedrinhas nuas, falava em mim com saudade
De um tempo de simplicidade, onde a infância, a natureza e Boa Vista viviam em harmonia.

Vi-te vestido de floresta cheia de buritizais, perfume de lago e olhos de perdizes,
Com teu colar de rochas negras e lisas por segredos esculpidos em dias felizes.
Em busca da samaúma, minha infância florescia e a cruviana sibilante se escondia.

Com meus olhos de tamanduá, brincava majestoso em tuas margens,
Em busca de joaninhas, brincos dourados de tuas verdejantes vargens.
Caraumã te via de longe, como mãe zelosa olhando os filhos brincarem.

Ah, rio caudaloso, onde bebem os gaviões, forte como és - filho do lago Parimé,
Em tuas águas de eldorado, encontro a força para seguir em frente sempre com fé,
Sob a sombra do Caimbé, de raízes profundas, ainda sentir o passado presente.

Meu coração quente, filho teu, desejou voar.
Mas hei de para ti voltar, banhar em tuas águas,
E a saudade, enfim, dar por vencida
No Rio Branco da vida, do seio de tua ventura,
Para beber da tua água, rogo a Deus, ainda pura.

por Janderson Gomes,
Reflexões em 14 de Julho de 2024.


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