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Amanhecer na Serra Grande (Livreto)

Hoje é um dia especial para compartilhar com vocês o lançamento de Amanhecer na Serra Grande , o primeiro volume da série Caminhos do Interior . Esta obra é um convite para explorar as profundezas da alma humana e sua conexão intrínseca com a natureza, em particular com a majestosa região de Roraima. A narrativa começa em uma manhã tranquila, onde Iramari, filho do velho Kanarim, busca por respostas para suas inquietações por meio de um diálogo que ecoa o silêncio da serra e o movimento das nuvens. Cada página é uma oportunidade de contemplar a simplicidade que revela a grandeza da vida. O livro reflete vivências profundamente enraizadas na região da margem leste do rio Branco e costura temas universais como medo, coragem, paz interior e harmonia. Kanarim, com sua vivência humilde, nos lembra que as lições mais importantes da vida não vêm de respostas, mas do aprendizado paciente com a natureza e com o ciclo da existência. Espero que este livro inspire você a desacelerar, ouvir os vent...

É possível negar a harmonia?


É possível negar a harmonia?

Na penumbra dos verbos dissolutos,
Onde as faculdades jazem esquecidas,
Três serpentes, qual círculos agudos,
Mordem suas caudas corrompidas

Não há realeza na direita levantada,
Nem há beleza na esquerda erguida
A mediana via, tão sempre iluminada,
Jaz entre escombros, morta e esquecida

Mãe D'Água nos tempos modernos, guia-me!
Por entre essa floresta infinda de dissensões,
Onde a nobreza da aparência é velha mentira

E, cada fala que diz por si, respira
Na terra dos escassos e dos leões,
Onde habita o nada que só se retira


Na leviandade inversa de não-querer,
Vãos reflexos são no espelho partido:
Anti-isto, anti-aquilo e o anti-ser,
As fissuras do futuro perdido

E nas águas densas do Rio Pávido escuro,
Barcos arrogantes com direção incerta,
Ceuci se ri do homem ainda imaturo,
Que crê ser dono da palavra certa

Em cada margem, uma nova negação
Floresce como rosa pálida venenosa,
Cujo perfume embriaga a razão

Forma o jardim de anti-flores,
Onde a única verdadeira é silenciosa
Poty da ausência de virtudes e valores


Saia das profundezas desse funéreo,
Onde ideias são presas num jazigo,
Encontre antes um grande mistério,
De ser primeiro prudente e comedido

Não são forças de direita ou esquerda,
Nem pelo torto centro em sua mediania,
Tampouco na tríplice força que herda
O poder de negar a eterna harmonia

Ó tu, que lês estes versos impuros,
Compreende o enigma do partido,
A fraqueza do poder é seu tempo definido

Presente no inexistente, imenso e profundo
Onde ser político, vendido e enaltecido,
Dissolve-se, rendido, qual fumaça n'outro mundo



Nos prazeres fugazes da tua vil negação,
Três sombras movem-se em contradança,
Cada qual negando sua parte da porção,
Presenteando-te todas com falsa esperança

E assim termina n'um canto sombrio,
Não com respostas, mas com indagações:

Quando que o ser se perde no vazio?
O que há além das convicções?
É possível negar a harmonia?

por Janderson Gomes,
Reflexões em 28 de Outubro de 2024.

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