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Goiabeira

  Goiabeira Eu ficaria aqui, embaixo de ti, como a tua sombra que acompanha o sol. Ficaria sempre aqui, apenas um menino, sem casa e sem rumo, aos teus pés a cochilar. Aqui eu ficaria, como o duro desse chão que abraça tua raiz; Como o tempo da estação que faz a fruta cair com tua aprovação. Ali, bem acima de mim, onde o vento fala de ti, contam galhos e silêncios; Bem aqui eu me deitaria, onde rezam os passarinhos, e, com folhas, me cobriria. Em ti não subiria. Seria teu chão, tua terra, Poeira a te sustentar, Mato que te faz companhia, Vento que te balança, Chuva que te acaricia. Ficaria embaixo, não por temer o céu ou cavar o duro chão. Teu simples existir eleva minha oração. Goiabeira , na sombra do meio-dia, embaixo de ti, ainda assim, logo abaixo de ti eu ficaria, não por preguiça ou covardia, Mas somente por só por um motivo - porque ali, embaixo de ti, Meu coração, com tua doçura amadureceria por Janderson Gomes (Caraumã) Reflexões em 18 de...

É possível negar a harmonia?


É possível negar a harmonia?

Na penumbra dos verbos dissolutos,
Onde as faculdades jazem esquecidas,
Três serpentes, qual círculos agudos,
Mordem suas caudas corrompidas

Não há realeza na direita levantada,
Nem há beleza na esquerda erguida
A mediana via, tão sempre iluminada,
Jaz entre escombros, morta e esquecida

Mãe D'Água nos tempos modernos, guia-me!
Por entre essa floresta infinda de dissensões,
Onde a nobreza da aparência é velha mentira

E, cada fala que diz por si, respira
Na terra dos escassos e dos leões,
Onde habita o nada que só se retira


Na leviandade inversa de não-querer,
Vãos reflexos são no espelho partido:
Anti-isto, anti-aquilo e o anti-ser,
As fissuras do futuro perdido

E nas águas densas do Rio Pávido escuro,
Barcos arrogantes com direção incerta,
Ceuci se ri do homem ainda imaturo,
Que crê ser dono da palavra certa

Em cada margem, uma nova negação
Floresce como rosa pálida venenosa,
Cujo perfume embriaga a razão

Forma o jardim de anti-flores,
Onde a única verdadeira é silenciosa
Poty da ausência de virtudes e valores


Saia das profundezas desse funéreo,
Onde ideias são presas num jazigo,
Encontre antes um grande mistério,
De ser primeiro prudente e comedido

Não são forças de direita ou esquerda,
Nem pelo torto centro em sua mediania,
Tampouco na tríplice força que herda
O poder de negar a eterna harmonia

Ó tu, que lês estes versos impuros,
Compreende o enigma do partido,
A fraqueza do poder é seu tempo definido

Presente no inexistente, imenso e profundo
Onde ser político, vendido e enaltecido,
Dissolve-se, rendido, qual fumaça n'outro mundo



Nos prazeres fugazes da tua vil negação,
Três sombras movem-se em contradança,
Cada qual negando sua parte da porção,
Presenteando-te todas com falsa esperança

E assim termina n'um canto sombrio,
Não com respostas, mas com indagações:

Quando que o ser se perde no vazio?
O que há além das convicções?
É possível negar a harmonia?

por Janderson Gomes,
Reflexões em 28 de Outubro de 2024.

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