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Goiabeira

  Goiabeira Eu ficaria aqui, embaixo de ti, como a tua sombra que acompanha o sol. Ficaria sempre aqui, apenas um menino, sem casa e sem rumo, aos teus pés a cochilar. Aqui eu ficaria, como o duro desse chão que abraça tua raiz; Como o tempo da estação que faz a fruta cair com tua aprovação. Ali, bem acima de mim, onde o vento fala de ti, contam galhos e silêncios; Bem aqui eu me deitaria, onde rezam os passarinhos, e, com folhas, me cobriria. Em ti não subiria. Seria teu chão, tua terra, Poeira a te sustentar, Mato que te faz companhia, Vento que te balança, Chuva que te acaricia. Ficaria embaixo, não por temer o céu ou cavar o duro chão. Teu simples existir eleva minha oração. Goiabeira , na sombra do meio-dia, embaixo de ti, ainda assim, logo abaixo de ti eu ficaria, não por preguiça ou covardia, Mas somente por só por um motivo - porque ali, embaixo de ti, Meu coração, com tua doçura amadureceria por Janderson Gomes (Caraumã) Reflexões em 18 de...

Solstício Maternal


Solstício Maternal

Em sol maior, quando Guaraci sua coroa
Ao zênite austral inclina reverente,
Na hora em que o vento mais ardente ressoa
As cantilenas do cosmos refulgente

Eis que emerge do ventre, solitária,
Uma alma nova em corpo pequenino,
Enquanto sua mãe, qual selene planetária,
Plasma com dor seu próprio argênteo hino

Nas vinte e duas pálidas estrelas
Do dia mais longo que há na Terra,
Rompem-se dela as místicas procelas

Uma mulher, sem par na antiga guerra
De gerações que o tempo não revela,
Fez-se fonte, destino e primavera



Nascida sob o signo do solstício,
Quando o astro-rei governa majestoso,
Sua gênese traz esse interstício
Entre a calma e ser mais venturoso

Só, sua mãe, qual Picê sublime
Em seu silêncio grávido de aurora,
Das dores fez um canto que redime
A solidão que o mundo inteiro ignora

No limiar da noite consagrada,
Onde o tempo se curva humildemente,
Sua quarta luz foi derramada

Zero hora e quarenta, transcendente
Momento em que a existência, iluminada,
Fez-se verbo no ventre da serpente



No vigésimo sétimo segundo, ungida
Pelo fogo celeste do verão,
Suas almas foram três vezes concebidas,
No corpo, no espírito e no coração

O útero cósmico se abriu exato
Quando a noite beijava a madrugada,
E no limiar fez-se um grande pacto

A mulher, por si multiplicada,
Transformou solidão em grande ato
De amor - deu à luz a criança sacramentada

por Janderson Gomes,
Reflexões em 24 de Outubro de 2024.

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