Mensagem ao Filho da Travessia
Mensagem ao Filho da Travessia (Daqueles que caminham contigo, ainda que em silêncio) Tu nasceste quando a noite era mais longa, E a estrela do tempo descansava sob os ombros do mundo. O teu primeiro brado rugiu como um tambor abafado Nas terras lavrada com fogo, e ainda hoje queima tua face Como uma lembrança que não sabes se é tua o dos que vieram antes. És filho de Saturno e neto de Plutão. És herdeiro de silêncios noturnos e de perguntas que não se encerram. Desde cedo, sentiste o frio das palavras que te flecharam, A ausência dos caminhos prontos, E a vertigem do mundo que não se encaixa no que esperavas. Tua alma carrega no braço os que fogem do peso do tempo, Mas ainda assim insistem em nele caminhar. Ainda que os ossos se cansem cedo demais. Mesmo que o coração pese mais do que o corpo. Mesmo que do corpo ninguém sinta pena. E agora, neste ciclo em que o mundo espera de ti uma certeza, Tu estás só, como sempre, como quem foi deixado diante de uma porta fechada Sem saber o...