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Diálogo: O Silêncio entre nós
Diálogo: O Silêncio entre nós
(Ato I - Da Separação)
(Ela)
— Tu não ouves, meu amado, não ouves? O que o silêncio, em seu infinito amor, diz?
(Ele)
— Eu ouço, e cada palavra que não é dita me rasga,
como uma brisa que acaricia,
mas que deixa a dor em seu rastro.
Ouço o silêncio não como ausência,
mas como uma presença viva,
que se insinua em cada passo que damos,
em cada olhar que evitamos.
Não é o vazio que ele carrega,
é a saudade de tudo o que um dia fomos
e que agora nos escapa como água entre os dedos.
O silêncio, meu amor,
é a voz do nosso amor perdido,
do que partiu sem que soubéssemos,
e agora,
como uma chama trêmula,
tenta ainda nos aquecer,
mas não consegue.
(Ele)
— Tu me ouves? E tu, não sentes o peso da dor em cada palavra não dita?
(Ela)
— Ah, como sinto, meu amado, como sinto.
Cada palavra que fica guardada,
cada suspiro que não se solta,
é um peso em meu seio, em minha garganta,
como se eu carregasse o mundo inteiro,
e não fosse mais capaz de sustentar
nem a leveza de uma folha ao vento.
— E o que é esse peso senão a memória do que não conseguimos salvar?
O amor, que se despede de nós,
mas que ainda arde em nosso olhar.
A saudade que toma a forma de silêncio,
mas que, ao mesmo tempo, grita aos céus,
como o vento que ruge e que ninguém escuta.
E, no fundo, meu amado,
sei que tu sentes o mesmo,
pois o nosso amor foi uma chama
que acendeu o infinito,
e agora se apaga nas sombras
do que não conseguimos ser.
(Ele)
— Mas tu não vês, não vês que esse silêncio que nos separa
é também o espaço onde moramos?
O amor, a saudade, a dor,
tudo isso é o que nos sustenta,
nos mantém vivos,
mesmo quando o mundo ao redor se dissolve.
(Ela)
— Por que, então, permanecemos separados,
se nos sentimos como uma só alma,
presos ao mesmo destino,
no mesmo silêncio que nos clama?
(Ele)
— Ah, se soubesses, se soubesses o quanto eu te amo!
(Ele)
— Mas tu vês? O amor é uma estrada que não tem fim nem começo,
como um rio que se perde no mar sem nunca alcançar sua foz.
E eu... eu não sei mais o que é mais forte:
se a saudade do que fomos,
ou a esperança do que ainda podemos ser.
Só sei que em cada batida do meu coração, tu vives,
não como um passado distante,
mas como uma luz que não se apaga.
E, mesmo que os dias se arrastem e as noites se arruínem,
sei que no fundo de minha alma,
onde o tempo não toca,
tu me esperas.
E eu te espero.
Em silêncio.
(Ela)
— O amor, meu amado, não morre,
nem no fim dos nossos dias,
ele se faz eterno no espaço entre os nossos olhares,
no vazio que preenche tudo o que não foi dito,
na saudade que arde como um fogo inextinguível,
na memória de cada toque,
de cada abraço que não tivemos.
Ninguém proíbe o amor,
Ninguém esconde o amor.
E esse silêncio, esse que agora nos envolve,
não é um fim, é o testemunho de que nunca estaremos separados,
pois, como sempre soubestes,
o amor é a verdade que nunca morre,
nem mesmo quando nos perdemos um do outro.
(Ele)
— Então, tudo o que somos se dissolve, mas é eterno?
E tudo o que não dissemos, tudo o que não fomos,
ainda assim permanece conosco?
(Ela)
— Sim, sim, meu amado, é isso que quero que tu saibas.
O amor é a porta e o caminho que leva para além do tempo e do espaço.
E o que foi nosso, ainda nos pertence,
mesmo que em silêncio, mesmo que em dor.
Pois é na dor que nos encontramos mais profundamente,
é na falta que percebemos a plenitude do que nos uniu.
E, em cada suspiro,
em cada lágrima que não cai,
tu estás comigo,
como a luz tênue que nunca se apaga.
E o que não conseguimos ser, não se perde.
Tudo o que foi amor, tudo o que foi verdade,
permanece em nós,
nos olhares que trocamos no silêncio da noite,
nos gestos que falaram sem palavras,
nos pensamentos que se entrelaçavam,
como crianças inocentes,
como as raízes invisíveis das árvores que crescem,
mesmo sem vermos seu destino.
Tudo, meu amado, tudo é eterno. Até o que não sabemos.
(Ele)
— E quando o silêncio for nossa voz, o que restará de nós?
(Ela)
— O que restará, é a essência do que fomos,
o amor que nunca cessou, a alma que nunca se apagará, nem se dividirá.
E quando em silêncio nosso paixão se calar,
nossa alma será uma só,
como a estrela que não se apaga no céu,
mas que brilha, eterna,
à espera de mais um olhar,
à espera de mais um toque,
à espera do momento em que o amor se revele,
no silêncio que nunca será quebrado,
na verdade que sempre foi,
é e sempre será.
Porque, meu amado, o amor,
quando é verdadeiro,
Seu ato mais cruel é devorar o tempo.
Ele transcende a dor, a perda e a morte,
e nos acompanha na eternidade do nosso ser.
(Ela)
— Tu me ouves, amado? O que é o silêncio,
senão o véu que nos separa e nos une?
(Ele)
— Ouço-te, amada minha.
O silêncio é o templo onde nossos pensamentos ciciam,
um sopro que dança entre as palavras que não dissemos,
uma sombra que repousa sob a árvore da nossa saudade.
(Ele)
— É mais que ausência, não é?
Eu o sinto vivo, carregando em teu seio a memória do que fomos,
e do que ainda poderíamos ser.
(Ela)
— Sim, é o instante do vento ao mudar de direção,
a quietude do igarapé que contorna o rocha sem pressa.
É a promessa de que, mesmo sem palavras, ainda somos um.
(Ela)
— Mas e os mistérios que ele guarda? Não temes o que não conheces?
(Ele)
— Não, pois os mistérios são como um espelho, minha amada.
Eles não pedem respostas, apenas olhos que vejam sem temor,
corações como a terra após a chuva,
prontos para florescer naquilo que não se explica.
(Ela)
— Então o silêncio é nosso aliado?
(Ele)
— É mais que isso. É vasto como o céu
e breve como o instante
em que o sol toca o mar e desaparece.
É a música que jamais foi tocada,
mas que vibra no íntimo de quem ama.
(Ela)
— E quando as palavras nos faltam, o que nos resta?
(Ele)
— Resta esse silêncio, amada minha, fértil e pleno,
ligando o rio à sua nascente, o tempo ao eterno.
Ele aceita tudo o que não compreendemos,
como o sol que nasce sem pressa
e a chuva que cai sem razão.
(Ela)
— Então, no fim, ele nos bastará?
(Ele)
— Bastará. Pois mesmo quando o último som se apagar,
o silêncio permanecerá, não como vazio,
um intervalo entre dois mundos.
Na sua quietude, somos inteiros.
E se um dia o procurarem, dirão:
não era ausência, mas o amor que nos habita,
indivisível e eterno.
(Ela)
— Então, amado meu, deixemos que ele fale,
pois no silêncio entre nós, o universo respira.
por Janderson Gomes (Caraumã),
Reflexões em 25 de Novembro de 2024
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